domingo, julho 04, 2010

Cabo Verde - A notícia, a preparação e início da aventura


Há uns anos atrás, quando comecei a direccionar a atenção para as Renováveis (relembro com agrado as longas conversas em casa do João Nuno na sua casa na Ericeira pela madrugada dentro em 2003, quando saiu a 1ª legislação sobre a obrigatoriedade de a EDP comprar a electricidade aos pequenos produtores, lei essa que nunca chegou ao terreno, e no que ele ambicionava adquirir um gerador eólico para ter na sua casa da Travessa dos Moínhos, pois como o próprio nome sugere a coisa iria certamente funcionar) e depois de algumas pesquisas encontrei alguns projectos de sistemas autónomos em Africa que pela especificidade da situação do abastecimento eléctrico naquele continente era tido como uma oportunidade visto que havia (quase) tudo para fazer. Mais tarde, em 2007, viria a recuperar esse tema pois estava ligado a uma empresa que por sua vez tinha ligações a um agora concorrente da empresa onde trabalho e que estava a vender painéis para Angola. E voltou aquela ideia de que um dia poderia ir para África montar estes sistemas e assim realizar dois objectivos: trabalhar numa área que gosto e ajudar povos e pessoas que estão privados de certos bens por nós considerados essenciais.

Mas o tempo passou e o meu objectivo de trabalhar nas renováveis tornou-se realidade e é hoje onde ocupo o meu tempo de trabalho em pleno. O que era um objectivo passou a ser a realidade diária e vivida de um modo intenso. Tão intenso que acaba por absorver mais tempo do que era suposto, mas ainda assim sou feliz pelo que faço e isso satisfas-me.
Recentemente e com a Crise intensificou-se a ideia de avançar para mercados fora de Portugal e de ideia passou a necessidade, e os projectos começaram a passar da ideia para o papel e do papel para a realidade. A realidade cheou num ápice, e foi nesse ápide que o meu chefe ainda à pouco mais de uma semana me disse "preciso que vás para Cabo Verde". E eis que surge a oportunidade de sair para fora para ajudar outros povos e outras pessoas a ter mais condições. E assim, hoje dia 4, aqui estou eu pronto a embarcar rumo à Cidade da Praia. Falta 1h para o avião descolar.

A preparação pode se dizer que foi fácil (e rápida). Pode se mesmo dizer que o estágio foi muito bom. Na ultima semana as temperaturas em Portugal (e pela zona de Évora-Beja por onde andei) faziam lembrar os tórridos calores de África, o facto de todos os dias quando saio a porta de caso cruzar-me com muitos africanos e com eles co-habitar, e também estarem colegas meus já no terreno só facilitou as coisas. Por isso, a preparação foi nesse aspecto fácil. O pior é mesmo deixar a família e as pessoas de quem gostamos. Isso sim, custa e dói. Deixar alguém que nunca esteve mais que 3 dias sem me ver estar quase 3 semanas sem o pai ( ou o marido) vai custar muito. E não só a eles, a mim também me vai custar, pois eles estão no seu meio, continuam a sua vida habitual, e eu terei que me adaptar (rapidamente) a um novo local, novos hábitos, novas comidas, tudo. Espero que o "estágio" tenha servido para alguma coisa!!:)

Até depois meus amigos, agora vou ali apanhar um avião já volto!